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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Febre e Testes do recém-nascido

A Febre



A febre, definida como um aumento da temperatura do corpo acima de 37,2º C (medida axilar), é um evento que acompanha boa parte das doenças inflamatórias, especialmente infecções e , de modo mais freqüente, na infância. Nos dois extremos da vida, temos duas tendências opostas: na infância predominam as doenças inflamatórias febris, e, na idade senil as doenças escleróticas.
A febre na criança costuma trazer angústia aos pais, que sentem uma necessidade grande de baixá-la imediatamente, temendo possíveis conseqüências maléficas aos seus filhos. Isso está mais baseado em desinformação do que propriamente em conhecimento científico.
Quando entendemos a febre de um ponto de vista mais ampliado, nossa visão se modifica e também nossas atitudes diante desse fato. A febre sempre existiu, acompanhando diversas doenças, como mecanismo de defesa do organismo. Com o aumento da temperatura corpórea, nosso sistema imunológico tem a possibilidade de agir mais rápida e eficazmente. A produção e a ativação de diversas substâncias e células de defesa aumentam na febre, o que facilita a resolução da inflamação. Sabe-se, de longa data, que durante a febre o organismo humano consegue produzir mais anticorpos contra vírus e bactérias. O aumento de apenas 1ºC na temperatura corpórea consegue diminuir duas vezes a multiplicação viral. No caso do resfriado, por exemplo, o vírus se reproduz muito bem a 35ºC; já à 38º se reproduz pouco, e aos 40º não se reproduz. Portanto, o melhor remédio para o resfriado é a febre! E o pior remédio é o resfriamento – que pode acontecer após o uso de diversos antitérmicos.
Durante nosso desenvolvimento, passamos por crises que precedem períodos de mudanças. Assim é por volta dos 21 anos, quando buscamos nossa verdadeira identidade no mundo, ou dos 28 anos, quando nos questionamos profundamente acerca de nossos reais talentos. Na infância, de 0 a 7 anos de idade, o correspondente a essas "crises biográficas" são as doenças febris. O calor traz a possibilidade daquilo que nos é mais individual, chamado na Medicina Antroposófica de organização do Eu, de intervir na constituição orgânica. Isso se acentua na febre. O Eu precisa expressar-se por meio do corpo físico, e a febre o ajuda a tornar esse corpo herdado dos pais mais adequado à suas próprias características individuais. Na pessoa febril observamos um rebaixamento de seu nível de consciência. Pensar e atuar fica mais difícil durante a febre (o corpo e a mente pedem repouso). É como se a consciência (Eu) "descesse" da cabeça até os órgãos internos e membros, para "tomar posse" daquilo que foi herdado dos pais. Isso só se consegue por meio de calor corporal. Por isso, se no início da febre as extremidades estiverem frias (principalmente os pés) pode-se fazer compressas mornas nas panturrilhas e nos pés, ajudando o calor a chegar até lá. Desse modo não estaremos impondo obstáculos ao desenvolvimento orgânico, mas sim facilitando. Depois da compressa, deve-se colocar meias bem quentinhas e repousar.
Responder com febre durante uma doença é sinal de boa vitalidade, de capacidade de reagir frente às ameaças externas. Após cada episódio de febre, o sistema imunológico, expressão de nossa individualidade, torna-se mais preparado para enfrentar as agressões externas, e a criança, como um ser único, ganha uma batalha e conquista seu novo espaço. Trata-se de um amadurecimento orgânico, vital para o amadurecimento anímico que se segue.

QUANDO BAIXAR

O bom senso nos deve guiar. Em algumas situações, é adequado baixar a temperatura com antitérmicos. Mas são situações de exceção:

quando a febre ultrapassa os 41º C;
durante a gravidez (a febre poderia trazer problemas de formação ao feto);
em pessoas com doenças cardíacas (ao aumentar a freqüência cardíaca, a febre pode sobrecarregar o coração de quem já teve um infarto ou angina);
em doenças crônicas muito debilitantes (p. ex. tuberculose, hipertireoidismo);
em doenças psiquiátricas (em que a febre pode desencadear determinados surtos);
em pessoas com epilepsia – quando a febre pode facilitar a ocorrência de novas crises.

CONVULSÃO

Existe um "mito" que vale a pena abordar: as convulsões febris. Ao contrário do que se teme, são episódios raros (3% das crianças), não deixam seqüelas e dificilmente se repetem. As convulsões febris só ocorrem na faixa etária entre 3 meses e 6 anos de idade. Por ser um fenômeno isolado, uma convulsão não pode ser definida como epilepsia.
Ela não depende do grau de febre, isto é, não é mais comum ocorrer aos 40º do que aos 38ºC. Além de raramente acontecer, a convulsão febril cessa espontaneamente e geralmente não causa nenhum dano á criança. A grande maioria das crianças com história de convulsão febril nunca mais irá apresentar novo episódio durante todo o resto de sua vida. Na próxima infecção, seu organismo terá "aprendido" a superar até uma febre mais alta sem convulsões.
É importante saber que a febre não é uma doença em sim, mas uma maneira de se defender, e que o grau de febre (baixa ou alta) não está relacionado à gravidade da doença. O estado geral da pessoa é o mais importante. Não se justifica a preocupação excessiva com a febre. Nosso esforço deve ser o de saber sua causa, e não simplesmente baixá-la, atrapalhando a atuação do sistema imunológico.

Orientações Práticas

O que fazer para ajudar

# Crianças têm febre mais alta e de instalação maios rápida que os adultos.

# Durante a febre convém respeitar a falta de apetite da criança, não a forçando a comer. Se houver perda de peso, ela o recuperará rapidamente após a doença terminar. Porém é muito importante que ela beba líquidos (água, chá e sucos), para repor as perdas aumentadas por força da transpiração maior que acompanha a febre.

# Não dê banho frio na criança com febre, tampouco use compressas com álcool. Isso causa perda muito rápida de temperatura. O banho deve ser na temperatura do corpo.

# Brinquedos e atividades que estimulam demasiadamente o pensamento, como vídeo-game, computador, lição de matemática, etc. devem ser evitados durante a febre. Há necessidade de repouso físico e mental.

# Consulte o médico para saber a verdadeira causa da febre. Se o tratamento é feito com um homeopata, ele necessitará de informações que individualizem o caso, como por exemplo se o aumento da temperatura foi súbito ou lento, se houve presença e características de sede, suor, sintomas mentais (estado de ânimo, ansiedade, desejo de companhia, etc.) dentre outros.

# Após os episódios de febre o calor tem de ser mantido, especialmente nas extremidades (pés), agasalhando-se bem a criança e evitando-se perdas excessivas de calor.

Seguindo esse caminho, o organismo da criança terá aprendido algo durante a doença febril, por esforço próprio. Note a expressão na face do seu filho ou de sua filha após recuperar-se de uma doença febril em que a febre não foi suprimida, e sim auxiliada de modo consciente e natural. A criança está sutilmente diferente: um pouco menos parecida com os pais, um pouco mais "parecida" com ela mesma. Você deu liberdade para ela amadurecer.

Testes Recém-Nascido


Cada vez mais amplos, os exames feitos logo após o nascimento do bebê ajudam a detectar precocemente doenças que não costumam apresentar sintomas imediatos, mas comprometem a saúde já nos primeiros meses de vida. Na rotina das maternidades, o recém-nascido passa por dois exames obrigatórios (tipagem sanguínea e teste do pezinho básico), mas há pelo menos outros três (testes do pezinho ampliado, da orelhinha e do reflexo vermelho, nos olhos) que não são de praxe em todas as instituições, embora sejam recomendáveis no todo ou em parte. Os pais devem checar sua realização e solicitar os não-obrigatórios, caso desejem.


Os testes do pezinho e a tipagem são feitos em laboratório, com amostra de sangue retirada do calcanhar do bebê ou de uma veia. A coleta se faz depois de 48 horas, pois o recém-nascido deve ter sido alimentado. Isso é necessário para ativar o metabolismo, pois as doenças detectadas são basicamente desordens metabólicas.
Veja alguns detalhes sobre os exames e o que eles indicam.

Tipagem sanguínea

É a identificação do tipo de sangue – A, B, AB ou O – e seu fator Rh – positivo ou negativo. A tipagem é necessária para emergências médicas. É obrigatório.


Teste do pezinho básico

Inclui os exames:
- PKU ou fenilcetonúria, doença causada por deficiência no metabolismo do aminoácido fenilalanina, que ao se acumular no organismo lesiona o cérebro e provoca retardo mental. O bebê nasce normal e os sintomas só aparecem depois dos 6 meses. É incurável, mas uma dieta alimentar evita seu desenvolvimento.


- TSH ou T4, para apontar hipotireoidismo congênito, que é a insuficiência do hormônio da tireóide, necessário ao desenvolvimento do sistema nervoso. Os sintomas demoram a aparecer e a criança sofre atraso do crescimento e retardo mental. Pode ser tratada com reposição do hormônio.


- IRT, para detectar fibrose cística, que ataca pulmões (com grande produção de muco, que gera tosse) e pâncreas (afetando o metabolismo, o que provoca apetite voraz e desnutrição). É incurável, mas pode ter efeitos amenizados com tratamentos precoces.


- Eletroforese de hemoglobina, que indica doenças sanguíneas, entre as quais a mais comum é a anemia falciforme. Trata-se de uma alteração da hemoglobina que dificulta a circulação, causando lesões nos órgãos. Afeta mais a raça negra, embora ocorra também na branca. Incurável, pode ser amenizada com tratamentos precoces. O teste básico é obrigatório.


Teste do pezinho ampliado

A extensão do teste varia, com exames para identificar até 30 males diferentes. Os mais pesquisados são a hiperplasia congênita da supra-renal, a galactosemia, a deficiência da biotinidase, a deficiência de G6PD e a toxoplasmose. Não são obrigatórios, mas podem ser indicados pelo pediatra.


Teste da orelhinha ou triagem auditiva

Verifica, com equipamentos, se o bebê escuta perfeitamente. Deficiências auditivas detectadas cedo facilitam a reabilitação e a aquisição da fala. Não é obrigatório, mas desejável, e costuma ser oferecido nas maternidades privadas.

Dicas

0 a 6 meses
O bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos. Reconhece a voz materna e procura a origem dos sons.

6 a 12 meses
Localiza prontamente os sons de seu interesse e reage a sons suaves. O balbucio se intensifica e reconhece seu nome quando chamado.

12 a 30 meses
Vai do início da primeira palavra (papai) até o uso de sentenças simples (dá bola). Lógico que ainda é cedo, mas nunca incentive o filho a falar errado só porque soa bonitinho. Se ela diz que o papai chegou de “calo”, corrija naturalmente dizendo que ele chegou de carro. O estímulo à pronúncia correta é fundamental no aprendizado.


Teste do olhinho ou Reflexo vermelho

É o exame com um oftalmoscópio, aparelho que emite luz e produz uma cor avermelhada e contínua nos olhos saudáveis, descartando a presença de tumores ou de catarata. Não é obrigatório e deve ser solicitado se não for oferecido. Como é um exame simples, não costuma ser cobrado.

Dicas

A mamãe e o papai podem observar as fotografias de seu filho. Se em vez do reflexo vermelho que fica nos olhos aparecer uma mancha branca, procure um oftalmologista.

Pergunte ao pediatra do seu bebê quais exames que foram realizados ao seu nascimento. Se o teste do olhinho não estiver entre eles, converse com o médico a possibilidade de realizá-lo.

A catarata não é um problema só de idoso, não. A catarata congênita é uma patologia presente ao nascimento e uma em cada cem crianças nascidas apresenta essa alteração.

Bebê amarelado: é icterícia

Conhecida também como amarelão, a icterícia neonatal é uma alteração fisiológica, isto é, normal, na coloração da pele e branco dos olhos dos recém-nascidos, deixando o bebê amarelado.

A cor amarelada do bebê acontece pelo excesso de bilirrubina no sangue, pigmento de cor amarelada, produzido normalmente pelo metabolismo das células vermelhas do sangue. O excesso acontece pela dificuldade do fígado em capturar toda a quantidade de bilirrubina produzida, acumulando no sangue.

Esse tipo de icterícia não é considerado doença, atinge em torno de 50% dos bebês nascidos no tempo certo, sendo ainda mais freqüente nos prematuros. A cor amarelada aparece no segundo ou terceiro dia de vida primeiramente no rosto, depois vai aumentando para tórax, abdome e finalmente as pernas. As fezes e urina permanecem com coloração normal.

Na maioria das vezes regride espontaneamente em torno do décimo dia de vida do bebê, sendo importante o banho de sol pela manhã ou a tardezinha, pois a luz ajuda na eliminação da bilirrubina.

Banho de luz - Se a icterícia atingir um nível muito alto, será preciso que o bebê faça fototerapia ou banho de luz. A criança fica em um berço com uma fonte de luz que converte a bilirrubina impregnada na pele e nas mucosas em outra substância deixando a pele do bebê com coloração normal.

Esse tratamento é muito comum em prematuros e em bebês que a icterícia não desaparece espontaneamente. O aumento da bilirrubina acima de certos limites pode acumular-se no cérebro trazendo danos irreversíveis ao sistema nervoso, prejudicando o desenvolvimento do bebê. Portanto, cuidado redobrado, mamãe.

Existem outros tipos de icterícia que são mais graves e requerem mais atenção. Há a icterícia por incompatibilidade de grupo sanguíneo, que é a forma mais grave e aparece logo no primeiro dia de vida.

Acontece quando a mãe tem anticorpos que destroem as hemácias (componente dos glóbulos vermelhos do sangue) produzindo bilirrubina, ocasionando a icterícia. O tratamento depende do nível de bilirrubina e peso do bebê, podendo ser o banho de luz ou a exsangüinotransfusão (retirada de todo o sangue do bebê e a sua substituição por outro sangue, sem bilirrubina).

A icterícia pode estar relacionada também ao aleitamento materno, as causas são desconhecidas, podendo ser por que componentes do leite materno reduzem a excreção da bilirrubina. O tratamento pode ser a interrupção do aleitamento por 1 ou 2 dias ou o banho de luz.

São raras as vezes em que o acúmulo de bilirrubina seja grande que cause acúmulo no cérebro ocasionando prejuízos. A grande chance de isso ocorrer será se a mamãe não procurar um médico quando o amarelão do bebê for muito intenso ou em prematuros muito graves.

A icterícia não é uma alteração para maiores preocupações. O ideal é ficar de olho e a qualquer dúvida procurar o pediatra do bebê.

Dicas

Se as fezes e urina do bebê estiverem com coloração diferente procure imediatamente um médico.

O banho de sol até as dez da manhã e depois das quatro da tarde é muito importante.

Lembre-se sempre que o aleitamento materno é sempre o melhor para o bebê. Só o interrompa com recomendação médica.

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